data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Quase nove anos depois da tragédia da boate Kiss, o julgamento que coloca os ex-sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha Leão no banco dos réus começa nesta quarta-feira, às 9h. O júri, que deve ser o maior da história do Rio Grande do Sul será no plenário do Foro Central I, em Porto Alegre.
LEIA TAMBÉM
Com homenagens, familiares e sobreviventes da Kiss embarcam para Porto Alegre
Tenda da Kiss ganha banner em branco para receber mensagens da comunidade
Júri da Kiss será transmitido em telão na tenda da praça e no Clube Comercial
'Um dos responsáveis pelo assassinato da minha filha me arrolou como testemunha', diz pai de vítima da Kiss
Quase nove anos depois, onde estão e o que fazem os quatro réus da Kiss
Quais os cenários possíveis e o que pesa contra cada um dos réus no júri da Kiss
No processo criminal, os empresários e sócios da Kiss, Elissandro e Mauro, e os integrantes da Banda Gurizada Fandangueira, o músico Marcelo, e o roadie (encarregado pela troca de instrumentos) Luciano, respondem por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos).
ACUSAÇÕES
Do Ministério Público
- Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann - Implantaram nas paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso. Além disso, conforme a denúncia, pesa contra os sócios o fato de saberem que o show da banda Gurizada Fandangueira incluía exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia ordenação aos seguranças para que impedissem a saída das pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate.
- Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão - Mesmo conhecendo bem o local do fato, onde já haviam se apresentado, adquiriram e acionaram fogos de artifício identificados como "Sputinik" e "Chuva de Prata 6", que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram o artefato para o teto da boate dando início à queima do revestimento inflamável. Luciano foi quem comprou e acendeu o artefato pirotécnico, passando para Marcelo, que estava no palco e ergueu o objeto. Contra os dois, também pesa o fato de, conforme o MP, terem saído do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate
DEFESAS
- Elissandro Spohr - A defesa afirmou que não vai mais se manifestar depois da entrevista coletiva concedida na semana passada. No pronunciamento, o advogado Jader Marques, que representa o réu, apresentou uma nova maquete virtual da boate, a qual alega que atende às medidas propostas pela planta do Instituto Geral de Perícias (IGP) "arquitetonicamente perfeita". Ele também declarou que poderá "perder a compostura" no debate em plenário, mas que respeita os familiares de réus, os réus, os familiares de vítimas e sobreviventes
- Mauro Hoffmann - Em nota, o advogado Mario Cipriani, da defesa do réu Mauro Hoffmann, afirma que "a acusação por dolo eventual não se sustenta". O argumento é de que isso foi "um arranjo criado pelo Ministério Público, que fiscalizou a boate e autorizou seu funcionamento assim como os bombeiros e prefeitura municipal, para 'tirar' a si próprio e os demais órgãos públicos, acusando apenas estes quatro que jamais tiveram intenção de matar alguém. A nota ainda aponta que Mauro era apenas sócio investidor, sem poder de decisão na Kiss, e, portanto, não contratou a banda ou instalou a espuma. A defesa diz que a boate era regular e não havia superlotação
- Marcelo de Jesus dos Santos - "A gente vai conseguir provar sim que o Marcelo e o Luciano são inocentes. Não temos intenção de acusar ninguém, salvo os agentes públicos", afirmou Tatiana Borsa, que defende Marcelo, em uma transmissão ao vivo pelo Instagram realizada na noite de domingo
- Luciano Bonilha Leão - A defesa contestou a acusação de que ele não havia alertado o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação. Segundo o advogado de defesa, Jean Severo, o réu voltou para o interior da boate para retirar pessoas. O defensor definiu a acusação como "mentiras do MP"
COMO VIVEM QUASE NOVE ANOS DEPOIS
- Elissandro Spohr - Vive em Porto Alegre e trabalha com compra e venda de pneus em um negócio da família
- Mauro Hoffmann - Dos quatro, é o mais recluso. Não concede entrevistas e tem acordo com a defesa para que não seja exposta nada sobre a vida pessoal. Fontes disseram que ele moraria no litoral de Santa Catarina, mas não houve confirmação
- Marcelo de Jesus dos Santos - Vive em Santa Maria e passa a maior parte do tempo em casa. Está impossibilitado de trabalhar como azulejista (função que exercia em paralelo à carreira musical) por complicações da Covid-19
- Luciano Bonilha Leão - Vive em Santa Maria e retomou os trabalhos com eventos. Hoje, atua como DJ e presta serviços de sonorização